A invenção do Compartilhar

Por Antonio Junior
Reencontro de amigos é sempre um momento de muitas recordações, histórias cansadas de tanto que já foram ditas e histórias antigas que ainda são novidades. Assim foi o ocorrido no reencontro da minha turma de Ed. Fisica da UFPE, no bar Burburinho , conversando com um dos caras mais bem humorados e irreverentes daquela turma, Ricardo Bento ou simplesmente Bola Gato, eu escutei dele uma das historias mais engraçadas e trágicas vivida por ele e que só poderiam ser contadas na mesa de uma bar, ela começa assim.

Vou evitar nomes, mas para quem conhece Ricardo, vai saber de quem se trata. Durante o curso, Bola Gato namorou uma menina, muito gente boa, musicista das melhores, e que também tinha uma irmã gêmea e que compartilhava o mesmo gosto pela música e que por coincidência namorava o melhor amigo dele, na época.
Acredito, que pelo estilo de vida de Bola gato, não deveria ser muito fácil namorar com ele, apesar de ser bastante carismático e um poder de sedução que encantava muitas garotas, a maioria não conseguia prende-lo por muito tempo, o que é um terror na vida de qualquer pessoa pois isso gera muita insegurança.

Cansados desses altos e baixos, os dois chegaram a um acordo, que há meu ver e isso eu disse pra ele, só valeria pra Ricardo. Iriam levar uma relação aberta, sem compromisso um com o outro, podendo, caso ocorresse a oportunidade, ficar com quem quisessem. E é ai que começa a comédia.

Certo dia, indo para a casa desta “namorada” de relação aberta, Bola Gato percebeu sinais muito estranhos. Primeiro foi um carro misterioso, parado na frente da casa dela e que deu uma partida rápida, saindo assim que ele chegou. O segundo sinal, foi a imagem tenebrosa de sua sogra rindo pra ele, com uma estranha cara de felicidade, isso já bastava pra deixar ele totalmente confuso e não parar de se questionar “que porra esta mulher está rindo pra mim”? “Até hoje ela nunca me deu um sorriso”.

Pra completar a situação tensa, a sua namorada estava conversando com a cunhada dele, e as duas subitamente interromperam a conversa quando ele se aproximou. No meu caso, bastava isso pra recuar e ir embora, mas no caso dele, curioso e destemido, agiu como se nada estivesse acontecendo. Foi ai que veio o tiro de misericórdia, aquela frase que homem nenhum aguenta escutar sem que um monte de merda passe em sua cabeça, “eu preciso conversar com você”. 

Nesse mesmo momento, acabava de chegar o seu amigo, o Carioca, que tinha ficado de passar por lá, pra sair com a namorada dele, coisa que terminou não acontecendo.
Rápido como uma flecha e estrondoso como um trovão, Ricardo Bola gato disse na mesma velocidade “eu também tenho uma coisa importante pra falar pra você”.

Recolhidos a um canto da casa, veio a revelação. –Ricardo, aquele carro que você viu saindo daqui, era do meu namorado e por esse motivo eu não posso mais continuar me encontrando com você.

Congelado, sem teto, sem chão e agora sem namorada só restou a Bola Gato a sua revelação, que nessas alturas eu teria ficado com ela pra mim. –Pois é, e eu vim aqui hoje pra te dizer que você é a mulher da minha vida e que eu quero casar com você. Mulher estatalada pra um lado, homem desiludido para outro, meio que sem rumo, como todo homem, que é trocado por outro, Ricardo foi para o bar chorar suas mágoas e se consolar num copo de cerveja. Logo atrás dele chegou o seu fiel parceiro, o Carioca, revoltadissimo, jogou a chave da moto na mesa e praguejou aos quatro ventos dizendo “que porra é essa meu irmão, que sacanagem, eu to feito corno, sendo o ultimo a saber, deixei a mulher em casa e vim aqui pra ficar com você, quer falar sobre o assunto?”

Ricardo Bola Gato, irreverente como só ele, levantou-se da mesa, pediu pra que o cantor parasse show, subiu no palco, tomou da mão dele o microfone e contou todo o ocorrido naquela noite, para que todos no bar soubessem da situação. 

Depois de me contar toda essa história, com um grande riso no rosto, ainda escuto a afirmação dele dizendo: “Pião, muito antes do Facebook ter sido criado, eu já tinha inventado o compartilhar, ou tu acha que eu ia ficar com essa história só pra mim? 

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